Antonio Cobas
Antonio Cobas foi uma figura central na transformação do Mundial de Velocidade, tanto pela sua genialidade técnica como pela sua influência direta nos resultados de pilotos e equipas espanholas ao longo das décadas de 1980 e 1990.
A sua entrada no cenário internacional deu-se após o sucesso das motos Siroko nos campeonatos nacionais espanhóis, onde pilotos como Ángel Nieto e Hervé Guilleux ajudaram a projetar o nome de Cobas. Em 1981, Guilleux alcançou um quarto lugar no Grande Prémio da Argentina com uma Siroko-Rotax, marcando os primeiros pontos de Cobas no Mundial e estabelecendo um recorde de velocidade em Paul Ricard que só seria batido anos depois por outra moto desenhada por Cobas, a Kobas MR1, pilotada por Carlos Cardús.
O verdadeiro salto de Cobas para o Mundial de Velocidade aconteceu em 1982, quando criou a marca Kobas e desenvolveu o inovador chassis dupla viga em alumínio, que revolucionou o comportamento dinâmico das motos. Sito Pons, então um jovem talento espanhol, pilotou uma Kobas-Rotax e conquistou um terceiro lugar no Grande Prémio da Finlândia e um quarto na Checoslováquia, resultados que colocaram Cobas no radar do paddock internacional. No ano seguinte, Cardús tornou-se campeão europeu de 250cc com uma Kobas, consolidando a reputação do engenheiro catalão.
Em 1983, Cobas fundou a JJ Cobas em parceria com Jacinto Moriana, dando origem a uma das equipas mais inovadoras do paddock. O ponto alto desta colaboração foi a vitória de Sito Pons no Grande Prémio de Espanha de 1984, a primeira vitória de uma JJ Cobas no Mundial de 250cc, com Pons a terminar a época em quarto lugar no campeonato. A JJ Cobas tornou-se sinónimo de inovação e competitividade, atraindo pilotos como Jorge Martínez “Aspar” e, principalmente, Àlex Crivillé.
O maior feito de Cobas no Mundial de Velocidade foi alcançado em 1989, quando o jovem Crivillé conquistou o título mundial de 125cc com uma JJ Cobas. Àlex venceu cinco corridas e bateu rivais de peso como Spaan, Gianola, Gresini, Aspar e Miralles, impondo-se frente às poderosas Honda, Aprilia e Derbi. Este título não só projetou Crivillé internacionalmente, como também marcou o auge da JJ Cobas no Mundial, sendo reconhecido como um dos grandes momentos da história do motociclismo espanhol.
O impacto de Cobas não se limitou à JJ Cobas. Quando Sito Pons ingressou na equipa de fábrica da Honda em 1986, Cobas acompanhou-o como chefe de equipa, desempenhando um papel fundamental na preparação técnica das motos e na estratégia de corrida. Após a retirada de Pons, Cobas tornou-se diretor técnico da recém-criada Pons Racing, sendo responsável pelo desenvolvimento das motos que levaram Alberto Puig e Carlos Checa a vitórias em Grandes Prémios.
A abordagem de Cobas ao desenvolvimento das motos era marcada pelo espírito experimental e pela recusa em aceitar limites. Segundo técnicos e engenheiros que trabalharam consigo, Cobas incentivava sempre a testar novas ideias, por mais arrojadas que fossem, e a aprender com a experiência direta em pista. O seu legado técnico permanece visível nas motos modernas, especialmente nos chassis de alumínio.
Além do seu contributo técnico, Cobas foi fundamental para a projeção internacional de uma nova geração de pilotos espanhóis, como Sito Pons, Cardús, Crivillé, Checa, Puig e Barros, ajudando a consolidar a presença de Espanha no topo do motociclismo mundial. Faleceu em 2004, mas a sua influência continua presente em cada inovação e vitória das equipas que apostam na criatividade e no engenho técnico como caminho para o sucesso.
Fotos: MotoGP & Kobas