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Erv Kanemoto

Erv Kanemoto

Erv Kanemoto é um dos mais conhecidos preparadores de motos de corrida e um icónico chefe de equipa da década de 1970, até ao início dos anos 2000. Kanemoto foi a força motriz por trás de dois títulos nacionais e seis mundiais de MotoGP. Erv é mais conhecido pela sua associação a Freddie Spencer, com quem venceu três campeonatos mundiais. Kanemoto nasceu em Utah, em Maio de 1943.
Cresceu numa fazenda em San Jose, Califórnia, e aprendeu desde cedo a ajudar o seu pai a manter as máquinas da casa em funcionamento. Quando adolescente, o interesse de Kanemoto por motores voltou-se para a competição, quando começou a trabalhar em barcos a dois tempos e motores de kart com oseu pai. Erv correu de kart quando era jovem, mas descobriu que não tinha a assertividade necessária para se destacar na disciplina. 

Kanemoto tinha pouco mais de vinte anos quando se envolveu pela primeira vez com o trabalho exclusivo em motos. A fábrica onde trabalhava entrou em greve e, durante o seu tempo livre, Kanemoto aceitou a oferta de um amigo para trabalhar numa loja de motos em Hayward, Califórnia. A sua experiência com motores de barco e kart serviu bem a oferta proposta, provando ser um excelente mecânico.
O seu chefe ficou tão impressionado com o seu excelente trabalho que a oficina envolveu Kanemoto na construção de motores de motos de corrida. Posteriormente, também começou a trabalhar em corridas de estrada, todo-o-terreno e motocross durante o período inicial. Uma parte engraçada da ascensão de Kanemoto a um preparador líder de motociclismo, foi o facto de não saber andar de moto.
À medida que Kanemoto se envolvia mais nas corridas, começou a construir cilindros personalizados para outras equipas. A notícia começou a ser espalhada nas corridas da Costa Oeste, sobre o talento do novo preparador do norte da Califórnia. Em 1968, a Kawasaki contratou Kanemoto para preparar a moto de Walt Fulton Jr. em Daytona. Isso levou a mais trabalho com a Kawasaki. Além de Fulton Jr., foi preparador de pilotos como Jim Rice, Jim Deehan e Jerry Greene. 

Isso marcou o início do seu envolvimento na construção de motos de corrida de alto nível para alguns dos principais pilotos mundiais. No início dos anos 70, Kanemoto formou a sua própria equipa de competição e continuou o seu relacionamento com a Kawasaki. Em 1973, dirigiu uma equipa que contava com o ex-campeão nacional da AMA (American Motorcycle Association), Gary Nixon. A parceria Nixon/Kanemoto provou ser bem-sucedida e duraria seis anos.
Em 1974, a Kawasaki cortou o seu orçamento para a competição e Kanemoto, juntamente com Nixon, trabalharam com a Suzuki em 1974 e 75. Em 1976, Nixon conquistou o recém-formado Campeonato Mundial de Fórmula 750 com o apoio da Kawasaki, com Kanemoto dirigindo a equipa e construindo as motos de corrida. O campeonato terminou em polémica política e tanto Nixon como Kanemoto, que legitimamente conquistaram o título, viram o campeonato mundial ser negado quando os resultados de uma das corridas foram descartados.
Kanemoto continuou com Nixon em 1978. Aí começou uma longa associação com Freddie Spencer que acabaria por levar a três campeonatos mundiais. Kanemoto viu Spencer correr pela primeira vez em 1977 numa corrida em Mid-Ohio. O pai de Spencer mais tarde pediu a Erv para construir cilindros para as motos de corrida de Freddie. Ele construiu os cilindros e veio para a corrida para montar as motos. Freddie teve sucesso com eles e a associação entre os dois estava no bom caminho.
Em 1978, Spencer venceu o AMA Novice Road Race Championship, pilotando Yamahas construídas por Kanemoto. Freddie passou a considerar Kanemoto um bom amigo, além de um preparador. “As nossas personalidades eram muito parecidas”, explicou Kanemoto. “Nenhum de nós gostava de incertezas e ambientes desconhecidos. Acho que mais tarde, quando o Freddie veio para a Europa para correr nos GPs, pude ajudá-lo a fazer essa transição, já que eu vivia há um ano lá.”

Com o acordo de trabalho de Kanemoto com Spencer a revelar-se frutífero, estavam prontos para passar para o nível do campeonato mundial. Spencer foi contratado para pilotar nas Superbike pela Honda nos Estados Unidos, momento em que Kanemoto aproveitou para trabalhar no campeonato mundial com Barry Sheene para a equipa de fábrica da Yamaha em 1981.
De acordo com Kanemoto, aquele primeiro ano no campeonato mundial foi a primeira vez que realmente ganhou dinheiro com as corridas. “Antes disso, eu trabalhava todo o dia a construir motores para clientes, apenas para ganhar dinheiro suficiente para apoiar os meus esforços nas corridas”, explicou Kanemoto. “Normalmente, fazia o trabalho regular do cliente durante o dia, fazia uma pequena pausa para o jantar e trabalhava nas motos de corrida à noite.”

Quando Spencer começou nos GPs em 1982, a Honda Racing contratou Kanemoto para trabalhar com ele. Foi nessa época que Kanemoto começou a desenvolver um novo conjunto de habilidades, ajudando a desenvolver uma moto de corrida de raíz.

“A Honda estava apenas a apresentar a sua moto de GP de dois tempos e, com a minha experiência nessa área, pude trabalhar com os engenheiros da HRC e dar-lhes informações sobre o desenvolvimento das motos, explicou Kanemoto. “Além disso, consegui obter informações sobre o Freddie e isso também ajudou a orientar a fábrica a fazer uma moto que se adequasse ao seu estilo.”

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A dedicação de Kanemoto em trabalhar com a Honda para refinar as suas máquinas de GP valeu a pena. Spencer venceu o seu primeiro Campeonato do Mundo de 500cc em 1983, após uma grande batalha com o compatriota Kenny Roberts. Em 1985, Spencer fez o que nenhum outro piloto fez antes ou depois – vencer os Campeonatos do Mundo de Velocidade de 250cc e 500cc na mesma temporada. Durante essa temporada, Kanemoto supervisionou uma grande equipa de mecânicos que trabalharam nas motos de Spencer.

“Foi uma conquista incrível do Freddie e de toda a equipa. Olhando para trás, para 1985, eu diria que aquele ano pode ter custado a Freddie os anos seguintes. Exigiu muito dele para vencer esses dois títulos. Ele estava a trabalhar arduamente em ambas as extremidades, por assim dizer. Ainda assim, conquistar esses dois títulos numa única temporada, é algo pelo qual ele sempre será lembrado.”

Spencer sempre foi rápido em creditar Kanemoto por ajudá-lo a realizar um feito tão importante. “A maneira como Erv abordou as corridas de forma tão profissional e com tanta dedicação, acho que realmente construiu uma atmosfera de equipa sólida”, afirmou Spencer. “Ele foi incansável em garantir que tudo estivesse perfeito para mim, cada vez que entrei em pista.”

Kanemoto continuou a trabalhar para a direcção do departamento de competição da Honda, o HRC, durante a temporada de 1988, trabalhando com Spencer e mais tarde Niall Mackenzie. Ele também foi fundamental para Jimmy Filice rodar com a equipa de fábrica Honda nas 250cc, para o Grande Prémio dos Estados Unidos de 1988 em Laguna Seca. Um piloto lesionou-se e Kanemoto sugeriu à Honda que Filice seria o piloto perfeito em Laguna. O seu palpite provou estar correto. Filice conquistou uma vitória popular naquele ano.
Em 1989, Kanemoto formou a sua própria empresa, a Kanemoto Racing, para colocar a sua própria equipa de GP no mundial. Com o apoio da Rothmans e da Honda, Kanemoto criou uma equipa vencedora, alcançando o campeonato mundial com Eddie Lawson. Lawson disse que Kanemoto foi fundamental para ajudá-lo a fazer a transição da Yamaha para a Honda. “As características das motos eram completamente diferentes. Erv ajudou-me a entender como precisava de pilotar a Honda para tirar o máximo proveito dela.”, explicou Lawson.
Foi também durante esse período com Lawson que Kanemoto afirma que os computadores começaram a tornar-se um factor importante nas corridas. “Usámos computadores antes disso para coisas simples, como velocidade da roda, rotações do motor, abertura do acelerador, movimento da suspensão e assim por diante. Na década de 1990, a tecnologia informática realmente começou a vir de uma maneira muito grande e, até certo ponto, mudou as corridas”, explicou. 

 Mas ainda havia a necessidade de trabalhar em estreita colaboração com os pilotos para retirar os comentários do que eles estavam a fazer e compará-los com os dados que os computadores forneciam. A equipa Rothmans Honda de Kanemoto também venceu campeonatos do mundo de 250cc com Luca Cadalora em 1991 e 1992. Durante a década de 1990, Kanemoto trabalhou com vários pilotos importantes, como Wayne Gardner, Nobuatsu Aoki, Max Biaggi, Tadayuki Okada e Alex Barros.
Em meados da década de 1990, o custo de colocar em pista uma equipa de GP no campeonato mundial estava a subir a um ritmo surpreendente. Kanemoto achou cada vez mais difícil encontrar financiamento para levar a cabo os seus planos. Várias das suas equipas não foram patrocinadas durante o final da década de 1990. Depois de dirigir uma equipa não patrocinada com John Kocinski em 1999, Kanemoto percebeu que os riscos financeiros em tentar administrar uma estrutura desta dimensão, chegava a milhões de euros, e a batalha interminável para encontrar patrocinadores estava a tornar-se insustentável.
Erv aceitou uma oferta em 2000 para ajudar a Bridgestone a desenvolver um pneu de corrida para MotoGP. Essa associação levou à criação de uma equipa de GP apoiada pela Bridgestone que Kanemoto dirigiu com o piloto Jurgen van den Goorbergh, em 2002. Depois de 2002, Kanemoto colocou de parte a criação de equipas, mas permaneceu envolvido na consultoria da Suzuki e, posteriormente, das equipas da Honda durante a primeira década dos anos 2000. 

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