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Lambretta

… é um símbolo de estilo, liberdade e inovação!

A História da Lambreta: Um Ícone Italiano Sobre Duas Rodas 

Introdução
A Lambreta, ou Lambretta, é mais do que uma simples scooter: é um símbolo de estilo, liberdade e inovação. Nasceu em Itália, no rescaldo da Segunda Guerra Mundial, e rapidamente conquistou o mundo. Este texto conta a história deste ícone de duas rodas, desde o seu nascimento até ao seu legado duradouro na cultura popular e na mobilidade urbana. 

O Contexto do Pós-Guerra
Após a devastação provocada pela Segunda Guerra Mundial, a Europa enfrentava grandes dificuldades económicas. As infra-estruturas estavam destruídas, as fábricas estavam em ruínas e o transporte era escasso. Itália, em particular, precisava de soluções acessíveis para que as pessoas pudessem deslocar-se de forma prática e económica. Foi neste contexto que surgiu a ideia de criar veículos pequenos, leves e económicos — e, entre eles, a Lambreta destacou-se. 

A Visão de Ferdinando Innocenti
O nome Lambreta deriva de “Lambretta”, um bairro industrial de Milão onde Ferdinando Innocenti tinha fundado, em 1933, a sua fábrica de tubos de aço, a Innocenti. Visionário, Innocenti reconheceu a necessidade de um meio de transporte individual, económico e robusto para as massas. A sua experiência na metalurgia seria fundamental para transformar essa visão em realidade. 

O Projecto Inicial
Inicialmente, Innocenti trabalhou com o engenheiro aeronáutico Corradino D’Ascanio — o mesmo que viria a projetar a rival Vespa — para desenvolver o conceito de uma scooter. Contudo, divergências entre os dois quanto à concepção do veículo acabaram por separar os seus caminhos: D’Ascanio levou o seu projeto para a Piaggio (criando a Vespa em 1946), enquanto Innocenti seguiu com a sua própria equipa técnica, liderada por Cesare Pallavicino, para dar forma à Lambreta. 

O Lançamento da Primeira Lambreta
Em 1947, foi apresentada ao público a primeira Lambreta, o Modelo A. Era uma scooter de estrutura tubular, com motor de 123 cc e transmissão de três velocidades, capaz de atingir cerca de 50 km/h. Tinha rodas pequenas, guarda-lamas proeminentes e uma plataforma plana para os pés. A sua construção robusta, em aço tubular, conferia-lhe resistência e durabilidade — características essenciais para as estradas italianas do pós-guerra. 

Evolução dos Modelos
O sucesso do Modelo A foi imediato, e rapidamente surgiram novas versões: Modelos B, C e D. Cada nova geração trazia melhorias significativas. O Modelo B introduziu suspensão dianteira mais confortável; o Modelo C apresentou uma carroçaria ligeiramente mais carenada; e o Modelo D, lançado em 1951, tornou-se um dos mais populares de sempre, destacando-se pela transmissão por eixo e por uma estrutura ainda mais sólida.
Em 1953, surgiu o Modelo LD, mais elegante, com linhas arredondadas e protecções de pernas mais pronunciadas. Este modelo consolidou a Lambreta como sinónimo de mobilidade urbana acessível, não apenas em Itália, mas em vários mercados internacionais. 

A Expansão Internacional
Reconhecendo o potencial global da scooter, a Innocenti começou a licenciar a produção da Lambreta noutros países. No Reino Unido, foi fabricada pela British Lambretta Company; em Espanha, pela Serveta; na Alemanha, pela NSU; e na Índia, pela API e mais tarde pela Scooters India Limited. 

O Caso Brasileiro
Em 1955, a Lambreta chegou ao Brasil, montada pela Lambretta do Brasil S.A., em São Paulo. A scooter rapidamente se tornou popular entre trabalhadores urbanos e jovens, marcando uma era na mobilidade urbana brasileira. O termo “lambreta” passou a ser usado genericamente para designar qualquer scooter, tornando-se parte integrante da cultura local. 

Lambreta e Cultura Juvenil
Nos anos 1960, a Lambreta ganhou um lugar especial na subcultura juvenil, sobretudo no Reino Unido, onde foi adotada pelo movimento mod. Jovens vestidos de forma elegante desfilavam pelas ruas com as suas Lambretas personalizadas com espelhos, luzes e acessórios cromados. A Lambreta tornou-se assim um símbolo de rebeldia e de afirmação de identidade, em contraste com a Vespa, mais associada ao estilo dolce vita italiano. 

Rivalidade com a Vespa
A rivalidade entre Lambreta e Vespa foi, e ainda é, lendária. Enquanto a Vespa tinha uma carroçaria monocoque em chapa estampada e linhas mais arredondadas, a Lambreta apresentava uma estrutura tubular com peças desmontáveis e design mais mecânico. Ambas disputavam o mesmo público-alvo: jovens e trabalhadores urbanos que precisavam de mobilidade acessível.
No cinema, a Vespa brilhou em filmes como A Princesa e o Plebeu (1953), com Audrey Hepburn, enquanto a Lambreta ganhou fama nas ruas e em encontros de motards. Essa rivalidade fomentou a criatividade e a inovação em ambos os lados, levando a constantes melhorias técnicas e estilísticas. 

O Declínio da Produção
Com a popularização dos automóveis compactos e o aumento do poder de compra nos anos 1970, a procura por scooters começou a diminuir. Em 1972, a Innocenti encerrou a produção da Lambreta em Itália. Ainda assim, a marca sobreviveu noutros países, como a Índia, onde a Scooters India Limited continuou a fabricar a Lambreta durante vários anos, alimentando o mito da scooter mais carismática do mundo. 

Legado e Renascimento
Apesar de ter saído das linhas de produção italianas há mais de 50 anos, a Lambreta não desapareceu da memória coletiva. Nos anos 2000, houve tentativas de ressuscitar a marca, com modelos que combinavam design retro com tecnologia moderna. Embora sem o mesmo impacto comercial, estas iniciativas confirmaram o estatuto da Lambreta como ícone cultural.
Hoje, a Lambreta é um objeto de colecionismo, símbolo vintage de uma época em que a mobilidade urbana ganhava um novo significado. Em encontros de scooters, em feiras de clássicos ou em museus, a Lambreta continua a brilhar, evocando memórias de juventude, liberdade e estilo.

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Conclusão
A Lambreta é muito mais do que um meio de transporte. É uma história de inovação industrial, de adaptação cultural e de paixão sobre duas rodas. Nascida num contexto de reconstrução, tornou-se uma companheira de aventuras, um símbolo de rebeldia juvenil e uma referência incontornável no design automóvel. A sua história, rica em desafios e sucessos, continua a inspirar gerações de apaixonados pelo universo das scooters. Seja em Itália, no Brasil ou no Reino Unido, a Lambreta permanece como testemunho de uma era dourada em que o engenho e a estética se encontraram para criar uma lenda sobre duas rodas. 

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